terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Arte Plumária : índios brasileiros





OBJETIVOS DESTE TRABALHO

Pesquisar sobre a produção plumária indígena brasileira, no âmbito ritualístico, tanto sobre a sua confecção, quanto para a que fim se destinam os adornos plumários.

A ARTE PLUMÁRIA
No Brasil, existem pelo menos 30 grupos indígenas que produzem adornos plumários. Alguns deles: Xavante, Waurá, Juruna, Kaiapó, Tukano, Urubus-Kaapor, Asurini, Karajá.
A arte plumária indígena possui um caráter ritualístico, em dois níveis:

1 - A confecção das peças (modo de fazer): é feita exclusivamente pelos homens, que obedecem a um ritual de caça, coleta, separação, tingimento, corte, amarração, etc.. da matéria-prima, afim de dar uma forma específica a ela.

2 - Finalidade (simbolismo):
. A arte plumária é uma forma de comunicação, de linguagem.Os grupos indígenas ornamentam o corpo em contraposição aos outros seres vivos (animais e outros grupos indígenas). Contrapondo-se os diferentes grupos indígenas cria-se um diferencial, tanto no aspecto interno da tribo quando no externo a estes grupos.
· Extrapolando o conceito de enfeite, a plumária é um símbolo usado em ritos e cerimônias. Pode representar mensagens sobre sexo, idade, filiação (clã), posição social, importância cerimonial, cargo político e grau de prestígio dos seus portadores e possuidores.
· O uso dos objetos plumários é privativo aos homens principalmente nos cerimoniais onde eles possuem um papel mais destacado que as mulheres.

ARTE PLUMÁRIA
Matéria prima + Domínio técnico + Senso estético( beleza ) desenvolvido

Matéria Prima
· Penas - são os maiores elementos da plumagem. Provenientes da cauda e das asas das aves.

· Plumas - cobertura das costas e do abdomen das aves. São menores, largas e arredondadas.

· Penugem - pequenas plumas do pescoço, das costas e do abdomen das aves. Possuem a sua estrutura descontínua.

TÉCNICAS

· Associação da plumagem com outros materiais - fibras vegetais, taquaras, madeiras e a procura da perfeita adequação de efeitos formais, decorativos e técnicos.· Os grupos indígenas possuem técnicas de transformação desta matéria-prima.
Cor
Alteram as cores das penas tingindo-as ou através de um técnica conhecida como Tapiragem, que consiste num processo em que a pena adquire a coloração amarelo-alaranjado. É feita da seguinte forma: os índios arrancam as penas verdes do papagaio e no local esfregam uma secreção leitosa da 'pequena rã'. Assim, as penas, ao crescerem novamente, adquirem a coloração desejada (Tribo Tukano- noroeste da Amazônia).
Forma
Os índios alteram a forma original das penas através de cortes que adquirem formas variadas:Serrilhadas bilateralmente nas bordas, em forma de cálice, espiraladas, retangulares ou triangulares e muitas vezes são apenas aparadas no ápice.
Fixação
Amarração: as penas são fixadas horizontalmente em cordéis com a ajuda de "amarrilhos" ou então amarradas pela base em torno de hastes, roletes e cordéis ou nas extremidades desses suportes. Fixam-se as penas entre si, à trama dos tecidos, às sementes e às unhas de animais.
Colagem: fixação de penas, plumas e penugens. É feita através de resinas sobre superfícies diversas: couro, uma pena maior, tecido trançado, folhas secas, líber, etc... Podem também ser coladas no próprio corpo, conseguindo assim alguns efeitos como: um mosaico de plumas, a emplumação em placa (colagens de peles emplumadas) e a emplumação arminhada (colagem de penugem branca de certas aves enquanto filhotes).
TRIBO DOS URUBUS-KAAPOR

· Uma das tribos mais evoluídas na arte de confecção de adornos plumários.
· Dado ao virtuosismo da execução, a delicadeza das formas e a variedade de tipos de penas e plumas utilizadas, os adornos plumários kaapor já foram definidos como "Jóia de penas".
· Adornos usados no ritual de nominação
Tembetá - ornitoforma, compõe-se de uma pena base de cauda de arara canga, que, na parte inferior, recebe uma incrustação de pele e respectivas plumas de tons azuis e negro. Em sentido diagonal, dispostos em maneira de asas, aparecem fios, destacados das penas mais longas ( da arara). Na parte superior do tembetá aparecem penas azuis em mosaico.
Colar - apito de cúbito de ave. Ladeado por feixes de penas caudais de arara. É utilizado sobre o peito com um pingente que pende sobre o dorso (também ornitofomo).
Braçadeiras - plumas alaranjadas de papo de tucano com uma representação bastante realista de flores.
Brincos, pulseiras e testeira - esta última é revestida internamente por uma fina camada de látex para aderir à pele - confeccionados com penas de saí.
TRIBO DOS KAYAPÓS

· A plumária Kayapó é extremamente variada. Possuem cocares, testeiras, diademas, braçadeiras, pulseiras, bandoleiras, ornamentos, dorsais e flechas.
· Existe uma variedade de ornamentos dentro de um mesmo grupo Kayapó. Os ornamentos variam em forma e tamanho, tornando possível a identificação dos diferentes subgrupos (escala social).
"...apesar de possuírem uma tradição artística comum, cada grupo evoluiu ao longo de orientações estéticas próprias sendo que a criatividade de um artesão anônimo levou a novas expressões artísticas." (VIDAL in "Arte plumária do Brasil", p. 32)

RITUAIS
· A plumária kayapó é usada nos rituais de iniciação masculina e nominação, no casamento e na paramentação dos mortos nos rituais funerários.
· A ornamentação plumária se relaciona com a vida cerimonial dos kayapós, enquanto no cotidiano o que prevalece como ornamentação do corpo são as pinturas.
· Os ornamentos possuem grande simbolismo para os kayapós. Por exemplo: para um sub-grupo kayapó (kayapó-xikrim) os objetos de plumária podem representar um olho, sendo as penas utilizadas em pestanas. Ou o sol, onde as penas representam os raios.

Conclusão:
Dos costumes indígenas, a arte ornamental (plumária e pintura corporal) é a mais prejudicada pelo contato com o homem branco. Os adornos plumários, hoje, são muito mais objetos confeccionados para venda ou troca com os visitantes das tribos do que para o próprio uso, como foram no passado. Ainda assim, apesar de deturpada, a produção de artefatos, que visa o comércio, ajuda na preservação dessa arte.
A produção desse "comércio para turismo" gerou uma tendência a priorizar a quantidade em detrimento da técnica e do seu conteúdo simbólico.

BIBLIOGRAFIA:

ARTE PLUMÁRIA NO BRASIL, 1980, Brasília: Fundação Pró-Memória, 1980. 78p. ( Catálogo de Exposição).

Um comentário:

  1. Amei esta página,sobre os índios que adoro e todas as dicas culturais, parabéns, vou visitar sempre.
    Cora.(cznotti@yahoo.com.br)

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