sábado, 7 de novembro de 2009

Leonilson : um artista autobiográfico



José Leonilson Bezerra Dias (Fortaleza, 1957— São Paulo, 1993) foi um pintor, desenhista e escultor brasileiro.
Em 1961 mudou-se com a família para São Paulo. Entre 1977 e 1980 cursou educação artística na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), onde foi aluno de Julio Plaza (1938-2003), Nelson Leirner (1932) e Regina Silveira (1939).
Teve aulas de aquarela com Dudi Maia Rosa (1946) na Escola de Artes Aster, que freqüentou de 1978 a 1981. Nesse último ano, em Madri, realizou sua primeira exposição individual e viajou para outras cidades da Europa. Em Milão teve contato com Antônio Dias (1944), que o apresentou ao crítico de arte ligado à transvanguarda italiana Achille Bonito Oliva (1939).
A obra de Leonilson é predominantemente autobiográfica e está concentrada nos últimos dez anos de sua vida. Segundo a crítica Lisette Lagnado, cada peça realizada pelo artista é construída como uma carta para um diário íntimo. Em 1989, começou a fazer uso de costuras e bordados, que passaram a ser recorrentes em sua produção. Em 1991, descobriu ser portador do vírus da Aids, e a condição de doente repercutiu de forma dominante em sua obra.
Seu último trabalho, uma instalação concebida para a Capela do Morumbi, em São Paulo, em 1993, tem um sentido espiritual e alude à fragilidade da vida. Por essa mostra e por outra individual realizada no mesmo ano, recebeu, em 1994, homenagem póstuma e prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA).
No mesmo ano de sua morte, familiares e amigos fundam o Projeto Leonilson www.projetoleonilson.com.br/ , com o objetivo de organizar os arquivos do artista e de pesquisar, catalogar e divulgar suas obras.


CRONOBIOGRAFIA


José Leonilson Bezerra Dias nasce em Fortaleza, Ceará, no dia 1º de março de 1957.

Em 1961, Leonilson muda-se com a família para São Paulo.

Ingressa no curso de Licenciatura em Artes Plásticas da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) em 1977, freqüentando as aulas dos artistas Nelson Leirner, Júlio Plaza e Regina Silveira. Nesta época, divide atelier com o artista Luiz Zerbini. Em 1979, participa da sua primeira exposição coletiva "Desenho Jovem", no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo. O curso da FAAP é abandonado em 1980 e, ano em que ele participa da mostra "Panorama da Arte Atual Brasileira/Desenho e Gravura", no Museu de Arte Moderna de São Paulo.

Sua primeira viagem ao exterior acontece em 1981. Em Madrid, Leonilson realiza sua primeira exposição individual na Galeria Casa do Brasil. Visita diversas cidades européias. Participa da exposição "Giovane Arte Internazionale", Galleria Giuli, em Lecce. Em 1982 volta à Europa e viaja pela Itália, Alemanha e Portugal. Expõe individualmente na Galeria Pellegrino, em Bolonha. Realiza duas exposições individuais em 1983, em São Paulo, na Galeria Luisa Strina e no Rio, na Galeria Thomas Cohn. Conhece Leda Catunda. Viaja para Paris em 1985 para participar da "XIII Nouvelle Bienale" e visita Milão e Bologna. Viaja para Buenos Aires para participar da exposição "Nueva Pintura Brasileña", no Centro de Arte y Comunicación, e conhece Daniel Senise. Participa da "XVIII Bienal Internacional de São Paulo"e conhece o artista alemão Albert Hien. Ainda neste ano realiza exposições individuais na Galeria Luisa Strina, Thomas Cohn Arte Contemporânea e no Espaço Capital em Brasília.
Leonilson e Albert Hien, na Alemanha, 1986.Viaja para Europa em 1986 e expõe na Galerie Walter Storms com Albert Hien em Munique. Recebe o convite para hospedar-se na "Villa Waldberta" de 1º de maio a 15 de junho de 1987. Participa das exposições coletivas "A Nova Dimensão do Objeto", no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, e "Transvanguarda e Culturas Nacionais", no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Em 1987, viaja para Europa, e, pela primeira vez, vai para Nova York. Expõe nas individuais "O Pescador de Palavras" na Galeria Luisa Strina, "Moving Mountains", no Kunstforum, Munique, e na Galeria Usina Arte Contemporânea em Vitória, Espírito Santo. Participa de várias exposições coletivas, como "Modernidade", no Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris, e no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Em 1988, expõe individualmente na Galeria Thomas Cohn Arte Contemporânea "O Inconformado". Vai para Nova York, Paris, Berlim e Amsterdã e participa de várias mostras coletivas: "Albert Hien/Leonilson" e "Seven Artists on Invitation", na Pulitzer Art Gallery, em Amsterdã; "Brasil Já", no Museum Morsbroich, em Leverkusen, na Galerie Landesgirokasse, em Stuttgart, e no Sprengel Museum, em Hanover. Em 1989 viaja para a Europa e Nova York. Neste ano, o Ministério da Cultura da França encomenda uma gravura comemorativa dos 200 anos da Revolução Francesa para vários artistas, entre eles Leonilson. Exposição individual "Leonilson" na Galeria Luisa Strina; "Nada Hás a Temer", na Gesto Gráfico, em Belo Horizonte; e os "Bombeiros Não São Corruptos", na Espaço Capital. Participa da exposição "Panorama da Arte Atual Brasileira/Pintura, no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Em 1990, vai a Londres (duas vezes), Nova York, Paris, Veneza e Amsterdã. Começa a gravar fitas, registrando idéias, tendo em vista o projeto de um livro que será realizado por seu amigo Ricardo Ferreira conforme era seu desejo. Exposição individual na Pulitzer Art Gallery. Recebe o Prêmio Brasília de Artes Plásticas, no Salão Nacional. Em março de 1991 inicia as ilustrações da coluna semanal de Barbara Gancia no jornal Folha de S. Paulo, até maio de 1993. Viaja para Nova York, Los Angeles e Chicago. Em agosto, um teste revela que Leonilson é soropositivo ao vírus HIV. Participa das exposições "Viva Brasil Viva", no Liljevalchs Konsthall, em Estocolmo, e "Brasil: la Nueva Generacion", na Fundación Museo Bellas Artes, em Caracas. Em 1992 organiza a exposição "Um Olhar sobre o Figurativo" para a Galeria Casa Triângulo, em São Paulo. Viaja para Amsterdã, Munique, Paris e Nova York. Participa das exposições coletivas "X Mostra de Gravura Cidade de Curitiba/Mostra América", no Museu de Gravura da Cidade de Curitiba e "Pintura Brasil Década 80", organizada pela Itaú Galeria, e realiza a série de 7 desenhos intitulada "O Perigoso". Em 1993, expõe em individuais na Galeria São Paulo e Thomas Cohn Arte Contemporânea. Participa da exposição coletiva itinerante "Cartographies", na Winnipeg Art Gallery, Winnipeg. Leonilson cria seu último projeto, uma instalação na Capela do Morumbi, São Paulo, mas não chega a vê-lo realizado. Em 28 de maio, falece em São Paulo.

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