Argentino naturalizado brasileiro, Hector Julio Páride Bernabó, o pintor Carybé, nasceu em 1911, mudando-se para o Brasil por volta de 1919, após um período na Itália. Entre os anos de 1927 e 1929, freqüentou a Escola Nacional de Belas Artes. Enviado a Salvador pelo jornal “Prégon” em 1938 (disse ele: “me deram o melhor emprego do mundo – viajar e mandar desenhos. Mas quando cheguei a Salvador, o diário tinha falido”), acaba ficando desempregado e faz uma viagem por todo o litoral norte do Brasil. Nesta época começou a registrar a cultura local através de sua arte: a capoeira, o candomblé. Voltou para Buenos Aires e em 1939 fez sua primeira exposição coletiva, com o artista Clemente Moreau, no Museu Municipal de Belas Artes de Buenos Aires. No início dos anos 40 viajou pela América Latina, e passou alguns anos em Buenos Aires, onde trabalhou em jornais, como ilustrador de livros e traduziu o livro Macunaíma, de Mário de Andrade, para o espanhol. Em 1943 fez sua primeira exposição individual e ilustrou o livro "Macumba, Relatos de la Tierra Verde", de Bernardo Kordan.No Rio de Janeiro, ajuda a fundar o jornal Diário Carioca, em 1946. Em 1949 é convidado por Carlos Lacerda a trabalhar em seu jornal, a Tribuna da Imprensa, onde fica até 1950.Convidado pelo Secretário da Educação Anísio Teixeira, Carybé muda-se definitivamente para a Bahia, onde batalha pela renovação das artes plásticas, ao lado de outros artistas, como Mário Cravo Júnior, Genaro de Carvalho e Jenner Augusto. Em 1957 naturalizou-se brasileiro, e é considerado um ícone de “baianidade”. Entre seus diversos amigos estava o escritor Jorge Amado, que escreveu O Capeta Carybé, onde define o amigo como alguém que “é todo feito de enganos, confusões, histórias absurdas, aparentes contradições, e ao mesmo tempo é a própria simplicidade (...)”. A arte de Carybé foi por vezes um expressionismo marcante, com um sentimento carregado em cores escuras. Mas o que marcou presença foi o retrato de um povo, sua religião e seus costumes, passados por vezes de maneira surreal. Ao retratar o povo, Carybé não estava fazendo uma pintura de cunho social, não acreditava neste poder da arte. O que ele queria, e conseguiu, era passar para a tela seu testemunho de uma cultura rica em detalhes, e da qual ele fez questão de se aproximar.Há uma história curiosa por trás do nome pelo qual o argentino Hector passou a ser conhecido. O artista pensava que seu apelido era derivado do nome de um pássaro pertencente à fauna brasileira e foi o amigo Rubem Braga quem esclareceu o mal entendido: Carybé é o nome de um mingau dado às mulheres que acabaram de parir. Com bom humor ele apenas disse: “que bom, eu adoro mingau”.Carybé fez diversas ilustrações de livros para diversos autores da literatura, entre eles, Jorge Amado, Rubem Braga, Mário de Andrade e Gabriel García Marquez, além de ilustrar livros de sua autoria e co-autoria, como Olha o Boi e Bahia, Boa Terra Bahia, com Jorge Amado. Em 1981, após 30 anos de pesquisa, publica a Iconografia dos Deuses Africanos no Candomblé da Bahia.Carybé morreu em 1997, na cidade de Salvador.
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